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Mostrando postagens de 2010

Ética do Discurso - Um complemento ao discurso moral em Habermas

HABERMAS, Jürgen. A Inclusão do Outro: estudos de teoria política. Trad. Jeorge Sperber e outros. São Paulo: Loyola, 2ª ed., 2002. Parte I, Capítulo I – Uma visão genealógica do teor cognitivo da moral. Resumo: Esta resenha restringe-se ao primeiro tópico abordado na primeira parte da “Inclusão do Outro”, de Habermas. Nela exponho aquilo que se compreende como manifestações e mandamentos morais e, em parte, o discurso moral. Também apresento algumas diferenças entre teorias cognitivistas e não cognitivistas, em acordo com a construção teórica do autor. Esta postagem foi motivada como forma de complementação parcial das explicações apresentadas pelo prof. André Coelho, em sue blog Filósofo Grego , na postagem introdutória a respeito da Ética do Discurso de Jürgen Habermas. É possível que eu dê continuidade a esta temática a partir de outras postagens contendo a continuação desta resenha. [ Tópico I ] Manifestações morais têm, quando justificadas, um teor cogn

(V / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. (5) Uma idéia de destino e a ordem moral/moralizante: A idéia moralizante seria capaz de iluminar fenômenos trágicos que ficam obscuros pela idéia de destino. E o argumento produzido com isso seria (p. 22): O que quer que possa ser dito dos acidentes, circunstancias e coisas do gênero, a ação humana nos é apresentada, afinal, como o fenômeno central da tragédia, e também como a causa principal da catástrofe. Esse imperativo que tanto nos impressiona é, no fim das contas, basicamente o nexo necessário entre ato e conseqüência. Consideramos o agente responsável pelos atos que pratica, sem sequer levantar dúvida sobre isso; e a tragédia desapareceria para nós caso não o fizéssemos. O ato crítico é, em maior ou menor grau, errado ou mal. A catástrofe é, basicamente, a reação ao ato abatendo-se sobre a cabeça do

(IV / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. (4) Qual o poder supremo no trágico? Sabe-se que há um poder supremo na tragédia. Contudo este poder não são os heróis, que por maiores que sejam sucumbem com a própria grandeza. Há para isto ampla diversidade de respostas que comumente acabam por isolar e analisar algum aspecto específico do fenômeno trágico. Para identificar o que seria o poder supremo é necessário vivenciar a experiência imaginativa emocional da tragédia por meio dos estudos especialistas de Shakespeare. Mas esta experiência é o conteúdo a ser interpretado, e o teste pelo qual a interpretação deve passar, sendo difícil compreender esta experiência com exatidão (p. 17). No esforço de compreender o especialista tende a transformar a experiência mediante as idéias cotidianas da mente reflexiva. Isso produz um resultado que não representa

(III / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. (3) Sobre o herói trágico: Características em comum no herói trágico shakespeariano: São “homens de alta posição” ou de importância pública, cujos atos e sofrimentos são de natureza extraordinária. Possuem natureza excepcional, elevando-se acima da média humana. Isto não seria o mesmo que excentricidade ou modelo de perfeição, embora estas características possam existir de modo secundário no caráter da personagem principal. São feitos da mesma matéria que as pessoas normais, porém apresentam de forma intensificada qualquer desejo ou paixão, conferindo-lhes uma força excepcional. Os heróis shakespearianos são marcados pela parcialidade, têm tendência a seguir determinada direção específica. Um traço trágico fundamental: identificam-se inteiramente com seu único interesse, que junto às outras característi

(II / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. (2) Aspectos que se somam à primeira caracterização. A calamidade e os atos humanos: A tragédia de Shakespeare pode ser observada como a descrição da história de uma calamidade excepcional que abala um homem de alta posição. Contudo apenas a catástrofe não constitui sozinha substância do enredo principal. Ela não sobrevém pura e simplesmente, ou é enviada por alguma entidade sobrenatural, mas é causa humana e decorre de uma seqüência de atos do herói e das demais personagens principais. A calamidade se forma a partir de uma seqüência bem estabelecida entre as circunstâncias, interações e atos das personagens. A tragédia contém um conjunto de circunstâncias nas quais determinadas ações ocorrem devido à interação das personagens com os elementos circundantes. Destes atos subseguem outros e cria-se uma ca

(I / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. Questionamento principal: qual a substância da tragédia shakespeariana; qual a natureza do aspecto trágico da vida tal como representado por Shakespeare; ou ainda qual a concepção trágica de Shakespeare? Com relação ao questionamento principal da conferência, não se pressupõe que Shakespeare tenha formulado ou respondido propositalmente a estas questões. Tampouco que a representação trágica em Shakespeare corresponda à totalidade da representação da vida humana, mas sim de um aspecto dela, sob um determinado foco. Assim, cada obra constitui um universo específico correspondente a uma noção de vida humana, que juntas constituem uma totalidade da visão shakespeariana. Seguem-se dois pontos que destacam elementos particulares e compartilhados na maioria dos dramas trágicos de Shakespeare: (1) Propõe-se

( IV / IV) "Hamlet and Orestes", de Jan Kott

Bibliografia: KOTT, J. Hamlet and Orestes . Trad. Boleslaw Taborski. In. Publications of the Language Association of America . Vol. 82, No. 5, 1967, p. 303-313. [1] (IV) O tempo histórico e o tempo meta-histórico da tragédia: Os modelos de tragédia possuem dois conjuntos de referencias e dois tempos, um histórico e um meta-histórico. Na Orestéia de Ésquilo é possível identificar a oposição dramática entre os conceitos matrilinear e patrilinear das relações familiares, entre a lei do talião e a lei de resgate, entre a purificação religiosa do assassino pelos sacerdotes no templo, e sua exoneração pelo tribunal ateniense. O ciclo de vingança familiar em Hamlet representa o próprio mecanismo feudal de mortes, e a chegada de Fortinbras é como a vinda do legalismo frio da dinastia Tudors. Contudo outras oposições contidas nos modelos trágicos também são atemporais e a primazia das interpretações históricas os empobrece mais do que enriquecem. Podem-se perceber no conflito de