Pular para o conteúdo principal

Postagens

A DUPLA MOTIVAÇÃO ENTRE ÁGAMÊMNON E ZEUS NO SACRIFÍCIO DE IFIGÊNIA

Segue abaixo o meu ensaio produzido para a matéria, Mito e Engano: a Ate na Ilíada, acompanhada na pós-graduação de Letras Clássicas, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. INTRODUÇÃO No presente trabalho pretendemos analisar com brevidade o fenômeno da dupla motivação presente nas ações de Agamêmnon na tragédia de mesmo nome, primeira da trilogia da Orestéia, de Ésquilo. A passagem referente ao presságio das águias e da profecia reveladora de Calcas, em conjunto com os contornos do sacrifício de Ifigênia, tal como apresentados por Ésquilo, servirão de fundo para o estudo deste fenômeno construído na tensão entre determinação divina e autonomia das ações humanas. Agamêmnon, general do exército e sob o titulo do rei dos reis, reúne os gregos para a guerra contra Tróia. Está sob o juramento de seu cetro e deve seguir com a Justiça de Zeus pela vingança contra Páris e todo o povo de Príamo. Contudo se encontra incapaz de prosseguir, preso no porto de Áulida. Ártemi
Postagens recentes

Comunicado

USP - FFLCH - Prédio de Letras Clássicas e Vernáculas Há uma nova fase para este blog, reflexo das mudanças decorridas em meu próprio desenvolvimento acadêmico e pelas perspectivas futuras. O término da graduação em direito, no CESUPA, rendeu-me a oportunidade de recomeçar. Estou em São Paulo, assistindo as aulas referentes aos estudos gregos do departamento de Letras Clássicas da FFLCH, na USP; bem como frequentando desde esta semana aulas da pós-graduação como aluna especial (não-mestrando). Abriu-se um novo mundo diante de mim, absolutamente diverso do universo acadêmico que conheci até então. É difernete estar entre pessoas cujos objetivos, em vários dos casos, é formativo - um contraste daqueles na jornada pelo diploma capaz de lhe dar uma boa vaga de concurso público (e apenas isto). O constante contato com o mundo antigo a partir da universidade tem se mostrado frutífero. Confesso que, até o momento, poucas coisas nas aulas me são novidades. Mas os véus que me separam do que a

Ética do Discurso - Um complemento ao discurso moral em Habermas

HABERMAS, Jürgen. A Inclusão do Outro: estudos de teoria política. Trad. Jeorge Sperber e outros. São Paulo: Loyola, 2ª ed., 2002. Parte I, Capítulo I – Uma visão genealógica do teor cognitivo da moral. Resumo: Esta resenha restringe-se ao primeiro tópico abordado na primeira parte da “Inclusão do Outro”, de Habermas. Nela exponho aquilo que se compreende como manifestações e mandamentos morais e, em parte, o discurso moral. Também apresento algumas diferenças entre teorias cognitivistas e não cognitivistas, em acordo com a construção teórica do autor. Esta postagem foi motivada como forma de complementação parcial das explicações apresentadas pelo prof. André Coelho, em sue blog Filósofo Grego , na postagem introdutória a respeito da Ética do Discurso de Jürgen Habermas. É possível que eu dê continuidade a esta temática a partir de outras postagens contendo a continuação desta resenha. [ Tópico I ] Manifestações morais têm, quando justificadas, um teor cogn

(V / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. (5) Uma idéia de destino e a ordem moral/moralizante: A idéia moralizante seria capaz de iluminar fenômenos trágicos que ficam obscuros pela idéia de destino. E o argumento produzido com isso seria (p. 22): O que quer que possa ser dito dos acidentes, circunstancias e coisas do gênero, a ação humana nos é apresentada, afinal, como o fenômeno central da tragédia, e também como a causa principal da catástrofe. Esse imperativo que tanto nos impressiona é, no fim das contas, basicamente o nexo necessário entre ato e conseqüência. Consideramos o agente responsável pelos atos que pratica, sem sequer levantar dúvida sobre isso; e a tragédia desapareceria para nós caso não o fizéssemos. O ato crítico é, em maior ou menor grau, errado ou mal. A catástrofe é, basicamente, a reação ao ato abatendo-se sobre a cabeça do

(IV / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. (4) Qual o poder supremo no trágico? Sabe-se que há um poder supremo na tragédia. Contudo este poder não são os heróis, que por maiores que sejam sucumbem com a própria grandeza. Há para isto ampla diversidade de respostas que comumente acabam por isolar e analisar algum aspecto específico do fenômeno trágico. Para identificar o que seria o poder supremo é necessário vivenciar a experiência imaginativa emocional da tragédia por meio dos estudos especialistas de Shakespeare. Mas esta experiência é o conteúdo a ser interpretado, e o teste pelo qual a interpretação deve passar, sendo difícil compreender esta experiência com exatidão (p. 17). No esforço de compreender o especialista tende a transformar a experiência mediante as idéias cotidianas da mente reflexiva. Isso produz um resultado que não representa

(III / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. (3) Sobre o herói trágico: Características em comum no herói trágico shakespeariano: São “homens de alta posição” ou de importância pública, cujos atos e sofrimentos são de natureza extraordinária. Possuem natureza excepcional, elevando-se acima da média humana. Isto não seria o mesmo que excentricidade ou modelo de perfeição, embora estas características possam existir de modo secundário no caráter da personagem principal. São feitos da mesma matéria que as pessoas normais, porém apresentam de forma intensificada qualquer desejo ou paixão, conferindo-lhes uma força excepcional. Os heróis shakespearianos são marcados pela parcialidade, têm tendência a seguir determinada direção específica. Um traço trágico fundamental: identificam-se inteiramente com seu único interesse, que junto às outras característi

(II / V) Bradley - Conferência I "A substância da tragédia shakespeariana"

BRADLEY, A. C. A Tragédia Shakesperiana . Trad. Alexandre Feitosa Rosas. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 3-27. Conferência I – A substância da tragédia shakespeariana. (2) Aspectos que se somam à primeira caracterização. A calamidade e os atos humanos: A tragédia de Shakespeare pode ser observada como a descrição da história de uma calamidade excepcional que abala um homem de alta posição. Contudo apenas a catástrofe não constitui sozinha substância do enredo principal. Ela não sobrevém pura e simplesmente, ou é enviada por alguma entidade sobrenatural, mas é causa humana e decorre de uma seqüência de atos do herói e das demais personagens principais. A calamidade se forma a partir de uma seqüência bem estabelecida entre as circunstâncias, interações e atos das personagens. A tragédia contém um conjunto de circunstâncias nas quais determinadas ações ocorrem devido à interação das personagens com os elementos circundantes. Destes atos subseguem outros e cria-se uma ca